Narrativa coletada por Deise Prina

 O meu primeiro contato com a língua inglesa foi na 5ª série de uma escola pública. O medo e a vergonha, naquele período, eram os meus companheiros. Lembro de que a professora fez um círculo na sala e cada aluno ia ao meio do círculo para ler um texto que ela tinha dado; eu sofri tanto que não tinha como fugir. O sofrimento era maior porque fui a última a fazer a leitura; leitura esta que acho que não conseguia nem abrir a boca (que horror!). Então, o decorrer do ginásio foi um inglês empurrado com a barriga.

No 2º grau eu tive um professor de “cara de mau” que aterrorizava a gente. Falava a aula toda em inglês; mas seguia o eterno livro didático, as avaliações eram todas do livro. Então eu “decorava” as unidades do livro com o esquema de escrever 10, 20, 30 vezes as lições, aí eu fechava as provas, sempre tirava “notão”.

Um dia, o cara de “mau” estava explicando a matéria, sempre em inglês, virou para mim e dirigiu-me uma pergunta, mas como estava sempre com medo de um dia ser a vítima eu ficava preparada, então eu dei uma resposta certa em inglês, confesso que foi no susto. Conclusão: saí do 2º grau  praticamente sem saber nada de inglês. Anos depois estava sem estudar, só trabalhava, tive a oportunidade de conhecer alguns italianos, que me despertou a vontade de aprender italiano. Foi uma busca autônoma, mas ficou só no “parlo italiano pio da meno...”

Estes fatos anteriores ocorreram na minha cidade de Itaobim, que fica no Vale do Jequitinhonha. Mais tarde (ou anos depois) vim para BH, mas na minha mente ficou algo, ou uma luz, sobre língua, estrangeiros, italianos, etc. Chegando aqui fiz pré-vestibular que só oferecia inglês e francês. Como nunca tive contato com francês optei pelo inglês. Acabei passando na PUC, que só oferecia inglês. Então foi muito árduo o estudo na faculdade; trabalhava 8h/dia, utilizava walkman no ônibus, no caminho para o trabalho, trabalho-faculdade. Mais tarde, eu tive a oportunidade de conhecer um britânico, que hospedou em minha casa um ano e meio, depois veio o pai dele que não falava português, também ficou comigo um amiga deles, então eles me ajudaram muito, fazendo o meu inglês evoluir mais.