Nome:
Maristela M. Kondo Claus (autoriza o uso do nome verdadeiro)
Idade: 49 anos
Escolaridade: Mestrado em LA (Professora de Inglês em escola
particular de idiomas)
Tempo de aprendizagem da LE: 6 anos (Inglês)
Data da coleta: 31/05/2005
O
primeiro contato que tive com a Língua Inglesa foi na adolescência,
ao som dos Beatles e dos Rolling Stones, Johnny Rivers, Bob Dylan,
entre outros, lá pelos idos dos anos 60. Faz muito tempo!!!!
Naquela
época, as músicas americanas disputavam com as italianas os hit
parades, mas o que eu amava mesmo eram ‘os Beatles e os Rolling
Stones’. Sabia todas as letras e as traduções e o dicionário era
o meu grande aliado. Foi assim, nesse autodidatismo inconsciente
de gramática e tradução que iniciou o meu interesse pela LI. Nos
anos 60, os adolescentes tinham ídolos, e o meu era o John Lennon,
símbolo da rebeldia e o inglês era a língua do ídolo, do status
conferido por ‘conhecer’ a língua do ‘poder’. Tínhamos vergonha
de dizer “eu te amo”, mas dizíamos I
love you a todo
o instante.
O
meu primeiro contato institucional com a LI foi no ginásio (hoje
fundamental). Lembro-me até hoje do livro do João Fonseca, de orientação
estruturalista: passe os exercícios para a interrogativa, passe
para a negativa, complete com o verbo to
be, etc. O meu primeiro professor de Inglês “Ney”, cujo sobrenome
não me lembro mais, não se atinha apenas aos exercícios do livro,
escrevia poesias e letras de músicas na lousa e ele mesmo as traduzia
e comentava. Nós, alunos, apenas ouvíamos impassíveis e não discutíamos,
mesmo que, no íntimo, não concordássemos com as afirmações do professor,
apesar de estarmos vivendo o início da era da rebeldia, cujo grande
ícone era James Dean.
No
colegial (hoje ensino médio), o professor era o mesmo e o método
de gramática e tradução continuou. Nos institutos de idiomas que
posteriormente freqüentei, as coisas não mudaram muito. A despeito
de ter a oportunidade de interagir na língua-alvo, o que para mim
foi “a grande novidade”, as coisas não mudaram muito. Houve apenas
o aprofundamento das questões gramaticais e um maior desenvolvimento
do vocabulário.
Na
faculdade de Letras o estruturalismo, aliado aos exercícios de orientação
audiolingualista, prosseguiu. Graduei-me em 1976 sem ter ouvido
falar na nova abordagem que estava dando os seus primeiros passos.
A
minha atuação em sala de aula, que iniciou em 1977, não foi diferente
dos modelos aos quais tive contato durante os anos como aluna. “O
autor era o meu pastor e o conteúdo era um dogma...” A formação
dogmática, hoje tão criticada, era prática comum naquela época.
No ano seguinte, já procurei “inovar”, introduzindo letras de músicas
que os alunos solicitavam, mas estas se restringiam à decodificação
dos textos.
Em
1991, como professora de uma escola de idiomas, passei a interagir
mais com os alunos, a maior parte adolescentes. As turmas eram pequenas
e, embora se dissesse que a orientação do método era voltada para
a abordagem comunicativa, não havia muitos esclarecimentos sobre
o assunto. Eu acreditava que trabalhava sob essa orientação por
causa dessa interação, pelo bom relacionamento que tinha com os
alunos em termos afetivos, porque permitia que não fossem ‘apassivados’
como eu fui durante os anos de formação como estudante. Inconscientemente,
adotava procedimentos da abordagem comunicativa, na medida em que
subvertia, em alguns momentos, a ordem estabelecida pelo material
didático, fugindo de algumas atividades que não eram interessantes
para os alunos e introduzindo assuntos e tarefas que atingiam mais
o gosto desse público, engajando-os em um processo de interação
cujos temas faziam mais sentido para eles.
O
processo de reflexão sobre a minha abordagem começou apenas depois
que iniciei meus estudos na pós-graduação. Não é um processo fácil,
que se pode absorver da noite para o dia, ainda está em construção,
cercado de dúvidas e incertezas.
A única certeza que posso ter é que as dúvidas estarão sempre
presentes e é o que me mobiliza nessa busca perene pelo (re) conhecimento
e por novas dúvidas.