- Nome: Barbra Sabota
- Idade: 29 anos
- Escolaridade: Mestre
- Profissão: Professora
- Tempo de contato com o inglês: +- 11 anos
- Narrativa coletada por Francisco Figueiredo
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- Bem, como iniciar o relato desta trajetória? Acho
que pela motivação inicial, sim, mas qual foi?... minha conta que desde
pequena eu falava “coisas enroladas” e dizia falar inglês, mas,
conscientemente, destaco dois episódios motivacionais:
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- Primeiro, uma professora, claro, acredito que todos
tenhamos tido um professor que fez a diferença em nossa vida. No meu caso,
no meio do caminho havia uma professora de inglês. Cláudia. Ela era muito
jovem, 16 anos e acabara de chegar dos Estados Unidos. Eu tinha 12 anos e
fazia 6ª série. Logo nos tornamos amigas!! Nos víamos nos fins de semana
e “falávamos” inglês enquanto brincávamos de Barbie...
bons tempos!! Eu não falava efetivamente a língua, mas sim utilizava
algumas poucas palavras em inglês no meio de frases em português, mas na
minha imaginação não havia português em nossos encontros... Era tão
bom. Pedi a minha mãe que me matriculasse em uma escola para “melhorar”
meu inglês, mas não tínhamos condições financeiras para isso. Logo, Cláudia
voltou aos Estados Unidos, um professor chato ocupou seu lugar na sala de
aula e eu parei de “falar” inglês. Daí, me ocorreu uma idéia genial,
colecionar letras de música em inglês. Assim, enquanto minhas amigas
gastavam toda a mesada em papéis de carta, eu buscava revistas com letras
de música para preencher minha coleção. Orgulhosamente ainda guardo meu
troféu, são 426 letras de música e eu sabia muitas de cor!!
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- Meu segundo momento decisivo em relação à
aprendizagem do inglês veio aos 15 - 16 anos com um filme. Eu assisti a Hamlet
e me apaixonei, não pelo Mel Gibson, como minhas amigas, mas pelo texto,
pela trama, por Shakespeare. Eu tinha que ler aquilo no original e sorver
aquelas idéias maravilhosas que me encantavam e, por que não, seduziam.
Comprei um livro na ilusão de que entenderia algo... nem cheguei a abrir
direito parei no onwards “que
palavra louca – pensei –, nem tem no dicionário!” (Several
references from 1589 onwards witness the existence of a play about
Hamlet (...), mas não desisti, resolvi que iria ler e entender aquilo
tudo. Isso! Meu novo objetivo era ler e entender Shakespeare no original!!
Resolvi também que queria ser professora, como a minha querida Cláudia,
escrevi-lhe uma carta compartilhando minha resolução. Ela ficou muito
feliz e disse que um dia ainda iríamos trabalhar juntas. Passei no
vestibular em 1993 e comecei a fazer o curso de Letras na UFG. Estava feliz
por finalmente ter a oportunidade de aprender inglês sem pagar um curso,
mas apreensiva, pois muitas pessoas falavam que era impossível aprender
inglês na universidade. O plano de trabalhar com Cláudia continua on
hold, mas o inglês foi aprendido e hoje leciono inglês em vários
lugares. Infelizmente, a paixão inicial passou, com tantas atribulações,
o inglês é hoje uma ferramenta e não mais o sonho, mas sempre que um
tempinho, folheio minha pasta de músicas ou um livro de Shakespeare em
busca de inspiração.
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- Mas, afinal, vocês devem estar pensando, e “como
foi que ela aprendeu inglês?!” Bem, uma vez dentro da UFG, senti que a
responsabilidade de alcançar meu sonho era minha. Então aproveitei cada
chance que me era dada em sala de aula ou fora dela para aprender a língua.
No primeiro ano tive um professor excelente que nos motivava a falar inglês
desde o início do curso. Eu achava que ele estava um pouco louco em começar
por um livro difícil (Headway Pre
Intermediate) , afinal muitos na turma não sabiam muita coisa da língua,
mas ele era tão determinado e aplicado que decidi confiar nele. Fazia todas
as tarefas, participava em todas as aulas (claro que metade das respostas
que eu dava pertenciam a letras de música, e, logo meus colegas já começavam
a rir e esperar pela música que eu mencionaria em seguida), perguntava tudo
o que não entendia. O professor resolveu pedir que comprássemos uma gramática
(Essential Grammar in Use) e dois livros de pronúncia (Headway
Pronunciation e Tree or Three).
Estudávamos muito em sala e fora dela. Havia ainda as aulas de Academic
Writing, que apesar de um pouco cansativas, nos ajudavam a ampliar nosso
conhecimento.
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- No segundo ano tivemos alguns problemas com trocas
de professores e greve, mas eu continuava determinada... sim, até que o tal
do Present Perfect atravessou o
meu caminho. Eu não conseguia entendeu aquilo por nada. Sentia-me
incompetente, culpava a nova professora, a troca de professora, a greve, o
calor, a comida do RU (restaurante universitário)... quase desisti do inglês.
Então, pedi ao meu antigo professor que me ajudasse e ele se prontificou a
me dar algumas aulas extras e eu consegui passar pelo danado do tempo
verbal. Daí em diante, este passou a ser o meu referencial: comparativo e
superlativo? Bem mais fácil do que o present
perfect! Modais... ih, fichinha!
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- No ano seguinte, já recuperada do trauma e
encorajada por minha professora na graduação e pelo meu querido professor,
e, hoje, orientador Francisco Figueiredo, tentei a prova de monitoria e também
a prova para ser professora do Centro de Línguas. Fui aprovada nas duas
seleções e comecei a vivenciar ainda mais o inglês, pois eu estudava a língua
de manhã, ensinava aos meus colegas durante a monitoria e a tarde lecionava
inglês para duas turmas. Era muito cansativo, mas foi extremamente benéfico
para o meu inglês que melhorava a olhos vistos.
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- Havia sempre a insegurança, a incerteza de saber se
o que eu sabia era realmente bom o suficiente para me comunicar com falantes
nativos e/ou mais proficientes. Ao final da graduação, encorajadas pela
professora, eu e algumas colegas de classe tentamos o exame de Cambridge (CAE)
e fomos aprovadas. Considero esta a coroação de nossa aprendizagem por ser
um teste de proficiência respeitado no mundo todo. E pensar que muitas
pessoas passam por universidades sem aprender mais do que o básico do inglês...
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- Ainda hoje admiro meus professores da UFG e lhes sou
extremamente grata por terem se empenhado tanto em nos ajudar, especialmente
a mim que tanto lhes cobrava a fim de aprender.
- Assim, meu relato de aprendizagem chega ao fim. Foi
bom poder relembrar meu percurso e compartilhar com outras pessoas minha
experiência.


