PAIVA, V.L.M.O.; FIGUEIREDO, F.Q. O ensino significativo de gramática em aulas de língua inglesa. In: PAIVA, V.L.M.O. (Org.). Práticas de ensino e aprendizagem de inglês com foco na autonomia. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2005. p. 173-188

 

O ENSINO SIGNIFICATIVO DE GRAMÀTICA EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA.

Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG)

Francisco José Quaresma de Figueiredo (UFG)

 

 

O

 professor de inglês, geralmente, adora ensinar gramática. Nós também gostamos, mas será que a gramática que ensinamos, como ensinamos, contribui para que nossos aprendizes aprendam a língua de forma a poder usá-la para se expressar ou para compreender o outro em manifestações orais ou escritas?

 

REFLITA

 

 

1.      Repita para você mesma as regras do uso do “present perfect.”

 

2.      Você sempre emprega essas regras quando fala ou escreve?

 

 

A experiência tem demonstrado que nem sempre o conhecimento de regras gramaticais capacita o aprendiz a usar a língua de forma significativa. Alguns alunos são capazes de memorizar regras gramaticais, aplicá-las corretamente quando resolvem exercícios em listas de frases isoladas, mas falham quando produzem textos de forma espontânea.

 

Antes de prosseguirmos, gostaríamos que você testasse seus conhecimentos de gramática, fazendo os seguintes exercícios com a frase The slithy toves gimbled the wabes.[1]

 

Make it interrogative.

Make it negative.

Rewrite it in the simple present.

Turn it into the passive voice.

 
 

 

 

 

 

 

 


            Se você escreveu:

 

Did the slithy toves gimble the wabes?

The slithy toves didn’t gimble the wabes.

The slithy toves gimble the wabes.

The wabes were gimbled by the slithy toves.

 
 

 

 

 

 


                       

 

Congratulations! You are a “grammar” expert!

                                  

Você sabe o que significam todas essas frases que você produziu? Você poderia usá-las em algum contexto oral ou escrito?[2]

Claro que não, pois essas palavras não existem na língua inglesa e o que você fez foi apenas trabalhar com transformações e organizações possíveis de palavras dentro de uma frase sem sentido.

Apesar de termos trabalhado com uma frase nonsense, acreditamos que esse exercício pode ter contribuído para refletirmos sobre a forma estéril como a gramática tem sido trabalhada na escola.

Você pode estar nos questionando e dizendo, “mas eu trabalho com frases que fazem sentido”.

Será que fazem mesmo?

Humoristas, cronistas e, até mesmo, compositores de música popular brincam com as frases comumente encontradas nas “aulas de inglês”, como na canção abaixo, gravada pela banda Mastruz com Leite:

 


 
Let's play DJ!!!!!!!
The book is on the table, table, table
The dog is on the table, table, table                           
The cat is on the table, table, table
The chicken is on the table, table, table
And everybody is on the table, table, table
Table, table, table, table!!!
And everybody is on the table, table, table!!
(…)

 

Alguns livros didáticos estão repletos de frases e diálogos que poderiam ter sido usados pelos autores dessa música. O único propósito desses exemplos é “ilustrar” um ponto gramatical ou produzir um diálogo artificial.

Assim como na nossa frase inventada e na letra de música acima, a língua geralmente usada na sala de aula para exercitar a gramática da língua inglesa fica no nível da forma e não aciona, na mente dos aprendizes, nenhuma construção significativa de significado. Mas o que é ser significativo? Significativo é algo que tenha a ver com o universo dos alunos. É o professor levar em consideração as experiências deles. É fazer com que os alunos produzam língua, em vez de somente reproduzi-la. Enfim, ser significativo é usar a língua de forma contextualizada.

 

ATIVIDADE

 

1.Examine o livro didático que você adota e tente encontrar exemplos de frases ou textos que você considera improváveis de serem usados em situações reais de comunicação.

2. Adapte as atividades do livro que você adota, utilizando enunciados que sejam mais significativos e que estejam dentro da realidade de seus alunos.

 

 

O QUE É GRAMÁTICA

 

É chegada a hora de refletirmos sobre o conceito de gramática. Vejamos algumas definições.

 

 

(1)   A system of rules governing the conventional arrangement and relationships of words in a sentence. (Brown, 1994, p. 347)

 

(2)   The way words are put together to make correct sentences. (Ur, 1996, p. 75)

 

(3)   A set of rules that define how word (or parts of words) are combined or changed to form acceptable units meaning within a language. (Ur, 1996, p. 87)

 

(4)   An inherent but not necessarily articulated system of rules that determines the manner in which the users of a language arrange words into meaningful sentences. (Academic Press Dictionary of Science Technology) http://www.academicpress.com/inscight/11061998/grammar1.htm

 

(5)   A description of the structure of a language and the way in which linguistic units such as words and phrases are combined to produce sentences in the language. (Richards, Platt, Weber, 1987, p. 125)

 

(6)   The subconscious internal systems of the language user; linguists’ explicit codifications of this system to reflect the structural organization of language, normally up to the level of the sentence. (Carter & Nunan, 2001, p. 222)

 

Nessas definições, predomina a noção de regras de um sistema que norteiam a organização dos períodos (sentence).  São duas as perspectivas predominantes nos estudos da gramática: a descrição da língua através de amostras da fala e da escrita; e a tentativa de se explicar o sistema inconsciente interno que permite ao falante gerar seus enunciados. Há, ainda, com menor acolhida atualmente, os gramáticos prescritivos. Segundo Crystal (1988, p. 129), esses gramáticos

 

tentavam estabelecer REGRAS para o uso social ou ESTILISTICAMENTE correto da língua. As descrições abrangentes da SINTAXE e da MORFOLOGIA de uma língua são conhecidas como “gramáticas de referência” ou simplesmente “gramáticas” como as produzidas no presente século pelos gramáticos do norte da Europa, Otto Jespersen (1860-1943), e, mais recentemente, a de Randolph Quirk et al. para o inglês.

 

Jerspersen e Randolph Quirk são autores muito conhecidos na área de língua inglesa e não temos nada contra a utilização desses livros como gramática de REFERÊNCIA, mas sem perder de vista que o que está naqueles livros são retratos de uma determinada época e de uma determinada classe social. Como nos lembra Thornbury (2001, p. 2), “a descrição da língua usada não é a mesma coisa da língua sendo usada”.

Gramáticas não são livros sagrados, ou seja, não foram ditados por uma entidade espiritual que está acima do humano. As gramáticas foram escritas por autores que observaram como as pessoas de determinada classe social escrevem. Nós enfatizamos ESCREVEM, pois rara é a gramática que registra como as pessoas falam.

            Quando um autor escreve uma gramática, ele registra um momento da língua, como uma fotografia que congela uma imagem. O mais grave é que outros trabalhos são escritos com base nessas “fotografias”, ignorando que a paisagem já mudou. Assim, quando lemos esses textos, temos a sensação de que estamos olhando para a carteira de identidade antiga de uma pessoa. O retrato na carteira representa a pessoa em um momento de seu passado, mas não reproduz características que a vida lhe atribuiu ao longo dos anos. A língua, como as pessoas, é uma entidade viva que sofre mudanças através do uso e dos tempos.

            Um outro problema em relação ao trabalho dos gramáticos é que as descrições da língua correspondem a “fotografias” tiradas em um determinado local (Inglaterra, por exemplo), com exemplos de pessoas geralmente pertencentes a classes sociais de prestígio. Se mudar o local ou mudarem as pessoas, haverá mudanças também nas descrições.

            A língua é, pois, um sistema dinâmico em processo contínuo de mudança, Seu uso varia dependendo do contexto e nem sempre todos os seus usos são contemplados pelas descrições encontradas nas gramáticas.

 

            Vejamos alguns exemplos:

           

(1)     As gramáticas dizem que o modal MUST é usado para expressar obrigação ou forte probabilidade. De fato, são inúmeros os exemplos que comprovam esses usos. No entanto, Robin Lakoff (1972) lembra-nos que MUST pode ser empregado para expressar polidez em um contexto em que um convidado de uma festa deseja elogiar o bolo feito pela anfitriã e diz para uma outra convidada “You must eat some of this cake”.

 

(2)     De acordo com as gramáticas, o discurso indireto do enunciado “She said she was ill” é “I’m ill”, mas Parrot (2002:11) argumenta que provavelmente a pessoa disse “I’ve got a terrible headache” ou “I can’t come to work today”.

 

(3)     Somos aconselhados pelas gramáticas a usar a forma polida “would you mind?” para solicitar algo a alguém. No entanto, se você diz para uma pessoa muito íntima “Would you mind passing me the salt?”, você estará sendo irônico e, portanto, nada gentil.

 

Um outro aspecto que consideramos relevante pontuar é que todas os conceitos de gramática que encontramos não ultrapassam o limite da frase ou do período. Vemos a gramática como um sistema complexo que abrange não apenas como as palavras se organizam dentro de frases e períodos, mas como os enunciados se organizam em textos e gêneros diversos.

Todos nós sabemos, por exemplo, distinguir uma receita de feijoada como gênero receita culinária da mesma receita como gênero poesia (Feijoada do Vinícius de Moraes) ou letra de música como a Feijoada de Chico Buarque, recentemente regravada por Zeca Pagodinho. Há regras implícitas que nos ajudam a organizar nossos enunciados dentro de gêneros diversos e também nos ajudam a reconhecer esses diferentes textos.

Atrevemo-nos a dizer que, até quando organizamos uma lista de compras domésticas, obedecemos a algumas regras inconscientes. Vamos verificar?

 

ATIVIDADE

Faça uma lista de compras em inglês para a manutenção de sua casa no período de uma semana?

Não se esqueça de incluir produtos de alimentação e de limpeza.

 

A seguir, peça a seus alunos para fazer a mesma coisa. Eles podem utilizar o dicionário para tornar a tarefa mais fácil.

 

Compare, com seus alunos, as diversas listas e veja se há alguma semelhança na organização das listas produzidas por eles.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao comparar as listas, provavelmente você encontrou algumas semelhanças entre elas. É bem provável que a maioria dos alunos não tenha misturado produtos de limpeza com produtos alimentícios e que o arroz esteja próximo do feijão.

 

A AULA DE GRAMÁTICA

 

ATIVIDADE

O que você faz na sala de aula ao ensinar gramática?

Faça uma lista das atividades que você desenvolve com seus alunos.

 

Converse com seus colegas e veja o que eles fazem.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 


Se você disse que usa listas de frases para treinar determinados aspectos gramaticais, isto é uma possibilidade. Mas gostaríamos de lhe sugerir algumas atividades que transformariam esse tipo de exercício em algo mais significativo.

Vejamos alguns exemplos:

 

1.      Em vez de pedir aos alunos que passem uma lista de frases aleatórias para o passado, que tal pedir a eles para fazer uma lista de tudo que fizeram no dia anterior ou no último fim de semana?

2.      Para reforçar o uso da terceira pessoa do singular, no presente, você pode escolher pessoas famosas como o presidente da república, um jogador de futebol etc. e pedir aos alunos para descrever suas atividades diárias.

3.      Ao trabalhar com “conditionals” você pode utilizar frases que façam os alunos falarem sobre eles. Vejam alguns exemplos que você pode utilizar em sua sala de aula:

 

a)      If I had a million reais....................................................................................

b)      If I were famous………………………………………………………………

c)      If I go to Japan………………………………………………………………..

d)      If I need some money

 

You can ask the students to interview their classmates and complete the chart below.

 

WHAT WOULD THEY DO IF THEY WERE RICH?

 

Paulo

He......................................................................................................

Cristina

She....................................................................................................

Sandra

She....................................................................................................

Ricardo

He......................................................................................................

Adriana

She....................................................................................................

Carlos

He......................................................................................................

                           (Substitua esses nomes por nomes de seus alunos)

 

Ur (1989, p. 79) sugere uma atividade muito significativa, em que os alunos devem escrever ou falar sobre superstições usando conditional sentences.

Ex. If you walk under a ladder you will have bad luck.

If a girl catches the bride’s bouquet after a wedding she will be the next to marry.

 

ATIVIDADE

 

Escolha uma das atividades acima e experimente com seus alunos. A seguir, anote em um diário como foi a experiência.

 
 

 

 

 


OUTRAS SUGESTÕES:

 

1) Alguns professores gostam de usar repetição de uma mesma estrutura para que os alunos a automatizem. Mas que tal tornarmos essa repetição em algo contextualizado e que produza sentido para os alunos? A tarefa a seguir pode ser feita com toda a turma ou com grupos, caso sua turma seja muito grande. Suponhamos que você queira trabalhar com likes/dislikes/habits em relação a esportes e, conseqüentemente, trabalhar o uso do presente simples e dos auxiliares para perguntas e repostas.

Prepare uma lista de perguntas em número equivalente ao número de alunos da sala ou dos grupos. Ex. Do you like soccer? Do you like volleyball? Do you play basketball? Do you watch soccer on TV? Do you often go to the stadium? etc.

Cada aluno ficará responsável por uma pergunta. Você pode repetir as perguntas com eles se achar necessário para aprimorar a pronúncia e também para orientá-los sobre as possíveis formas de resposta. Yes, I do; No, I don’t; Absolutely; Never etc.

            De posse de sua pergunta, cada aluno vai entrevistar todos os colegas de sua sala, ou de seu grupo, de forma simultânea. O aprendiz vai repetir a mesma pergunta várias vezes, ou seja, o número equivalente ao número de colegas entrevistados. Enquanto entrevista as pessoas, o entrevistador deve tomar notas para gerar os dados para o relatório final. Ele será também entrevistado por seus colegas e repetirá várias vezes as formas afirmativas e negativas, de acordo com suas preferências.

            Agora de posse dos dados, os alunos vão juntos traçar o perfil da sala ou do grupo em relação ao tópico e, com sua ajuda, vão gerar frases, tais como:

                        Nobody in the class plays basketball.

Everybody in the class likes soccer.

Only one person in the class goes to the soccer stadium every weekend.

 

            Em uma outra aula, o professor pode pedir aos alunos para elaborar algumas questões que desejam perguntar aos colegas, por meio de entrevistas na sala de aula. Posteriormente, os alunos falam para toda a classe sobre os likes/dislikes e habits dos seus colegas entrevistados.

 

2) Comparison: Peça aos alunos para comparar fotos ou desenhos com temas semelhantes;

ex. Look at the pictures and write a small text comparing both houses. Write sentences with There is/There are.

House 1                                                        House 2

 

 

 

3)  Comparison: use the adjectives old, tall, modern, to compare the buildings below.

 

                                                                                        

Secretaria de Educação de Minas Gerais                                          Edifício Niemayer em Belo Horizonte

 

 

 

 

O USO DE JOGOS PARA SE ENSINAR GRAMÁTICA

 

O ensino de gramática pode, também, ser algo lúdico. Podemos fazer uso de jogos para trabalhar alguns pontos gramaticais com os alunos em sala de aula. Apresentaremos algumas sugestões:

 

·  Uso de bingos

 

O bingo pode ser utilizado para trabalhar, por exemplo, com o passado e o particípio passado dos verbos ditos irregulares. Faça uma lista de verbos e prepare algumas cartelas com os passados dos verbos listados por você. Em seguida, entregue as cartelas aos alunos (que podem trabalhar em duplas) e diga o verbo no infinitivo. Os alunos têm de verificar se o passado do verbo está na cartela e, caso esteja, devem fazer uma cruz sobre a palavra. Vence quem marcar uma fileira inteira. Um exemplo da cartela é ilustrado a seguir:

 

 

B

 

 

I

 

N

 

G

 

O

 

 

ATE

 

 

 

 

BECAME

 

 

BOUGHT

 

 

BROUGHT

 

 

CUT

 

 

DID

 

 

 

 

DROVE

 

 

FOUND

 

 

GAVE

 

 

HAD

 

 

KNEW

 

 

 

 

LEARNT

 

 

 

MADE

 

 

RAN

 

 

READ

 

 

 

 

SAID

 

 

SANG

 

 

SPENT

 

 

SPOKE

 

 

 

 

TAUGHT

 

 

 

 

TOLD

 

 

TOOK

 

 

WENT

 

 

WROTE

 

 

·  Utilização de cartões

 

Este jogo é composto por dez cartões (10cm x 8cm) com figuras retiradas de revistas em quadrinhos e dez com palavras (2cm x 10cm). Os alunos têm de combinar as figuras com as palavras. A partir daí, criam-se histórias, elaboraram-se frases etc. Os cartões podem ser preparados pelos alunos e utilizados para trabalhar, também, com tempos verbais. Os alunos podem trabalhar em duplas para ligar os verbos às ações. Depois, eles podem fazer perguntas uns aos outros sobre os cartões, usando, por exemplo, o present continuous. Posteriormente, eles podem fazer um jogo da memória. Eles observam as ações expressas nos cartões e tentam memorizar os verbos e quem realiza a ação. Suponhamos que, em um cartão, há a foto da Mônica penteando o cabelo, e, em outro, a Magali cozinhando. O aluno diz ao outro “she”, referindo-se à Mônica. O outro, então, lhe fará perguntas até acertar. Por exemplo:

Aluno 1: Is she cooking?

Aluno 2: No, she isn’t.

Aluno 1: Is she combing her hair?

Aluno 2: Yes, she is.

 

Esse jogo, além de trabalhar com estruturas gramaticais, permite aos alunos uma interação e, com isso, podem trabalhar, também, a oralidade. Eis alguns exemplos dos cartões:

 

 

 

 

 

 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

READ

 

 

 

SLEEP

 

 

 

ATIVIDADE

 

Pense em alguns outros jogos que podem ser usados para trabalhar a gramática e faça uma lista deles. Utilize-os com seus alunos e escreva, em seu diário, como foi a experiência.

 

CORRIGINDO ERROS DE GRAMÁTICA

 

E o que devemos fazer quando os alunos cometem um erro gramatical? Quando isto ocorrer, devemos fazer a correção com cautela, para não focalizarmos a forma em detrimento do significado da mensagem a ser expressa. Observe o seguinte exemplo em que o professor perde a oportunidade de manter um diálogo com o aluno por causa da atenção exagerada à forma:

 

 
Uma aluna chega à sala de aula com o braço engessado e o professor lhe pergunta:

Teacher: What happened?

Student: I break my arm.

Teacher: You what?

Student: I’ve broken my arm.

Teacher: Good! Have you done the exercises? [3] […]

 

Nesse exemplo, podemos ver que o professor deixou de se comunicar com a aluna sobre algo real – o braço quebrado. Ele poderia, por exemplo, ter perguntado como aconteceu o acidente, quando aconteceu etc.

           

Atividade

 

Reflita sobre como você tem corrigido os erros gramaticais dos seus alunos e se tais erros têm impedido a conversação entre vocês.

 

            A correção de erros, no entanto, pode ser uma boa atividade de aprendizagem de gramática. Você pode colecionar os principais erros de seus alunos e, a partir deles, montar exercícios para seus alunos tentarem corrigir os próprios erros ou os de seus colegas. Seus alunos podem ainda montar uma lista dos erros mais recorrentes em seus trabalhos e criar um folheto com lembretes sobre esses erros.

            Você pode ainda emancipar seus alunos auxiliando-os a reconhecer e corrigir os próprios erros. Uma fórmula muito utilizada é o uso de códigos de correção que indicam aos alunos o tipo de erro, possibilitando que eles mesmos reflitam sobre sua produção e possam assim chegar à forma correta.

 

Vejam algumas sugestões:

 

 

OP

Ordem das palavras

A

Artigo

Ú

Falta algo aqui

Tv

Tempo verbal

C

Concordância

Ref.

Referência

 

 

 

Como trabalhar a gramática em provas

 

A gramática pode ser trabalhada de uma forma significativa também nas provas. Em um estudo sobre testes, Lopes (2002) observou que muitas questões restringem-se a preencher colunas ou transformar uma sentença afirmativa em negativa, por exemplo. Ao elaborarmos uma prova, podemos pedir aos alunos para construir sentenças sobre eles mesmos ou sobre alguém que eles conheçam. Afinal, se seu objetivo é fazer com que seus alunos aprendam a usar a língua, suas atividades de avaliação devem verificar se esse objetivo foi atingido.

Observe estes dois tipos de questão em que se pretende trabalhar com a terceira pessoa do singular dos verbos no presente:

 

1) Complete the gaps with the verbs in brackets in the simple present:

 

a)      She _______________ (be) a nurse.

b)      He ________________ (like) soccer.

c)      Maria ____________ (wash) her hair three times a week.

d)      John _____________ (wake up) early every day.

 

2) Describe your best friend. Write about his/her routine, jobs, hobbies etc.

 

Que diferenças você vê nas duas questões? A segunda pode ser considerada mais difícil, mas, se fizer parte das atividades desenvolvidas em sala de aula, não o será. Afinal o que importa não é usar ou não o “S” no final do verbo, mas saber falar ou escrever sobre uma pessoa, descrever seus hábitos, seus gostos e preferências, suas ações, etc.

 

Observe estes outros exemplos, em que se pretende trabalhar there is/there are:

 

1) Complete the gaps with there is and there are:

a) _____________ a car in front of the house.

b) ______________ two girls in the living room.

c) ______________ four apples in the fridge.

 

2) Describe your bedroom by using there is/there are. Use words such as bed, lamp, sofa, TV set etc.

 

Você deve ter percebido que a segunda questão é muito mais relevante. Os alunos estarão usando a mesma estrutura sintática, mas produzindo sentido ao descrever o quarto onde dormem.

 

ATIVIDADE:

Reflita sobre os tipos de questões que você tem utilizado em provas. Você as considera significativas para os alunos?

 

 

Como podemos perceber, o ensino da gramática pode ser muito mais significativo do que a memorização e o uso de regras descontextualizadas. Basta que utilizemos nossa criatividade para torná-lo mais lúdico e significativo para os alunos.

Quando os alunos dizem que querem aprender gramática, na realidade eles querem é aprender a falar e a escrever em inglês de acordo com as normas. Logo, o ensino isolado de gramática, sem conexão com a produção de sentido, é algo estéril que não ajuda os aprendizes a atingir seus objetivos.

Esperamos ter contribuído para suas reflexões sobre o ensino de língua inglesa e incentivamos você a experimentar algumas das idéias que inserimos neste texto. Leia mais sobre erros no próximo capítulo.

 

 



[1]Este verso faz parte do poema JABBERWOCKY de Lewis Carrol, incluído no primeiro capítulo do livro Through the looking glass (Alice no país das maravilhas), disponível na Internet, no projeto Gutemberg, [http://www.cs.indiana.edu/metastuff/looking/lookingdir.html]

[2] Agradecemos ao colega José Carlos de Almeida Filho pela idéia de utilizar frases sem sentido para argumentar sobre o ensino de gramática.

[3] Este exemplo foi utilizado por Thornbury em uma sessão plenária no 3rd LAURELS Teacher Trainers’ Conference, realizado em Goiânia no período de 20 a 23 de julho de 2000.