PROFESSORES DE LÍNGUAS E AS ABORDAGENS
DE ENSINO/APRENDIZAGEM: ESTUDO DE NARRATIVAS DE LEMBRANÇAS DAS ABORDAGENS QUE
PERMEARAM AS EXPERIÊNCIAS DE AQUISIÇÃO DE LE DE PROFESSORES PRÉ E EM SERVIÇO E
O SEU FAZER ATUAL
Elaine Ferreira do Vale Borges (FE-USP,
Doutoranda)
1. INTRODUÇÃO
No processo de ensino/aprendizagem de língua
estrangeira (LE) e/ou segunda língua (L2) há a constatação, em todo o seu
percurso, do envolvimento de vários fatores ou “forças” (Almeida Filho, 1999)
como, por exemplo, a afetividade, a cultura de ensinar/aprender, as abordagens
de ensino/aprendizagem, as crenças sobre o ensinar/aprender de professores e
alunos (Barcelos et al., 2004 e Abrahão, 2004) (que acabam por constituir uma
abordagem), entre outras, que compõem, hora o fazer do professor, hora o
adquirir do aluno. Assim, a compreensão de como se adquire uma LE/L2
(possivelmente viabilizando seu ensino) pode ocorrer, também, na percepção de
como essas “forças” se manifestam e/ou atuam durante o processo de contato com
essa LE/L2.
Nesse sentido, uma maneira de se “perceber” esse processo
(de contato e aquisição de LE/L2, ou parte dele) é através da “Pesquisa
Narrativa” em que os participantes, por meio do desenvolvimento de narrativas,
“são convidados a reverem e organizarem suas experiências pedagógicas e de vida
– um movimento que parte de dentro para
fora – de ‘si próprio’ para trás e
para frente, em um traçar de suas próprias linhas de vida” (Telles, 2002:
18, citando Clandinin e Connelly, 1998 - grifos do autor).
Dessa forma, as narrativas e/ou estórias de vida de
aprendizes e falantes de LE/L2 podem revelar situações preciosas para análises
científicas e neste projeto as abordagens – uma das “forças” no
processo de aquisição de língua – receberão especial atenção, numa tentativa de
se diagnosticar também o “fazer atual” do aprendiz e/ou falante de LE/L2 que se
tornou (ou está se tornando) professor de língua (professores pré e em
serviço), e as relações possíveis que se estabelece entre o “passado” (como
aluno de língua) e o “presente” (como professor de língua).
Para tanto, compartilharemos da compreensão do termo abordagem
como descrito por lingüistas aplicados brasileiros. Leffa (1998: 211-212)
considera abordagem como “o termo
mais abrangente [que método] a englobar os pressupostos teóricos acerca da
língua e da aprendizagem”. De acordo com Leffa, “as abordagens variam na medida
em que variam esses pressupostos”. Almeida Filho (1998: 18) visualiza o
conceito de abordagem como “uma
filosofia, um enfoque, uma aproximação, um tratamento, uma lida. O objeto
direto de abordar é justamente o processo ou a construção do aprender e do
ensinar uma nova língua”. Para Almeida Filho (1999: 12), a abordagem de ensino
“imprimida a um processo de ensino manifesta-se a partir de três de seus
componentes constitutivos, quais sejam, as concepções de
língua/linguagem/língua estrangeira, de ensinar e de aprender uma nova língua”.
Mas o diagnóstico
que se pretende com esse trabalho terá uma sistematização diferente daquelas já
encontradas em pesquisa dentro da Lingüística Aplicada (Abrahão, 1992 e 1996; Almeida
Filho, 1999; Cardoso, 2002), tendo em vista que se objetiva, essencialmente,
focar em apenas duas abordagens de ensino – aquelas que se constituíram dentro
do que se convencionou a chamar de movimento
comunicativo de língua[1]
– a saber: a comunicativa e a instrumental. O que se pretende então, por meio
das narrativas produzidas por aprendizes e falantes de LE/L2, é verificar a
menção ou não a esses dois enfoques e como eles foram (ou são) assimilados
pelos narradores em seus processos de aquisição de língua: como métodos, dentro
de uma abordagem (a instrumental ou a comunicativa) ou como abordagens
distintas. Lembro que os narradores
participantes desta pesquisa serão professores de língua, pré e em serviço, ou
seja, alunos dos últimos anos do curso de Letras, professores universitários
nos curso de Letras e professores de língua estrangeira na rede estadual de
ensino e nas escolas de idiomas, que precisam, necessariamente, possuir conhecimentos
sobre as abordagens de ensino de língua. As várias visões sobre as duas
abordagens, impressas nas narrativas, poderão nós proporcionar um panorama da
atual apropriação e/ou compreensão dos professores de língua, no contexto
brasileiro, a esse respeito. Mas as menções a outros enfoques também serão
consideradas.
Destaco que, até muito recentemente, no contexto
brasileiro de ensino de língua, só o comunicativo carregava o termo abordagem (abordagem comunicativa), o
instrumental era referenciado apenas como “inglês
instrumental” ou “ensino de línguas
para fins específicos” – visto por muitos professores como um método do
comunicativo. A diferença entre o comunicativo e o instrumental, até então, limitava-se
à especificidade de seus objetivos, ou seja, o primeiro se constituiria
essencialmente como um “ensino de línguas
para fins genéricos[2]”
(Almeida Filho, 1985), e o segundo como ensino
de língua para fins específicos (a leitura, por exemplo).
O termo abordagem usado para especificar o ensino instrumental
parece-nos ser utilizado, primeiramente, em Celani (1997), em que a lingüista
aplicada brasileira menciona a designação “abordagem
de ensino para fins específicos”, e depois em títulos de trabalhos em
congressos da área (destacados no próximo tópico) em que aparece a denominação
“abordagem instrumental”.
A partir da designação do enfoque instrumental como abordagem, entendemos que o enfoque cria
uma autonomia[3]
passando a conviver lado-a-lado com a abordagem comunicativa já que esta não
deixa de existir em favor daquela. E se temos duas abordagens contemporâneas de
ensino de língua, temos também diferentes pressupostos teóricos acerca da
língua e da aprendizagem, visto que “as abordagens variam na medida em que
variam esses pressupostos” (Leffa, 1998: 211).
No entanto, os pressupostos acerca da linguagem nas duas abordagens são muito similares (tópico discutido na Lingüística Aplicada, como em Cardoso (2002), e Celani (1997)), e o que possivelmente as diferenciam, na verdade, seriam os pressupostos acerca da aprendizagem (tópicos já enfatizados em artigos e livros internacionais, como em Wilkins (1976), Hutchinson & Waters (1984 e 1987) e Willians & Burden (1997) e atualmente investigado em pesquisa brasileira desenvolvida na área de Linguagem e Educação - veja tópico 5 deste projeto).
2. OBJETO E PROBLEMA DE PESQUISA
O problema que se visualiza e tentar-se-á discutir nesta
pesquisa – em relação às abordagens de ensino de língua (instrumental e
comunicativa) presentes (ou não) no processo de aquisição de língua em
professores pré e em serviço, e o fazer atual desses professores em suas salas
de aula – surge dentro do contexto brasileiro e se constitui a partir da designação
do enfoque instrumental como abordagem (em Celani, 1997 e em congressos da área
– veja a seguir) e também da elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais
de Língua Estrangeira (SEC/MEC, 1998) (PCN-LE).
De acordo com Borges (2003), os PCN-LE trazem em seu texto um “desvio” entre a abordagem psicológica da aprendizagem (sociointeracionista) e a sua localização funcional na constituição da abordagem de ensino de língua estrangeira (instrumental), possivelmente comprometendo a coerência entre a teoria e a prática prevista no documento. Esse “desvio” nos mostra uma possível “confusão” entre os pressupostos teóricos acerca da aprendizagem nas abordagens comunicativa e instrumental (enfoques atuais no ensino contemporâneo de línguas), tendo em vista que o sociointeracionismo vygotskyano, destacado explicitamente nos PCN-LE como o pilar de sustentação teórica para as questões relativas à linguagem e à aprendizagem, estaria mais essencialmente ligado à abordagem comunicativa de ensino de língua, notadamente pela ênfase dessa abordagem no uso das quatro habilidades (ler, escrever, falar, ouvir), pelo conceito de comunicação subentendido (que se revela com sendo em um sentido mais situado ou comunicacional, no dizer de Prabhu, 2003) e pela preocupação na qualidade da interação entre pares. No entanto, a prática prevista nas “orientações didáticas” do documento se revela contida em uma abordagem de ensino para fins específicos[4] centrada na habilidade da leitura e na aprendizagem de estratégias de leitura (com ênfase no conhecimento prévio, ativação de esquemas e na interação leitor-texto-escritor), que teria como referência um aspecto mais essencialmente cognitivo, inserido no construtivismo piagetiano.
A ligação do sociointeracionismo ao
ensino comunicativo e do cognitivismo ao ensino instrumental, como destacado em
Borges (op. cit.), não é um tema novo (essas questões já foram discutidas em Williams
& Burden (1997) e em Hutchinson & Waters (1984) – veja tópico 5 deste
projeto). No entanto, o que nos parece ser um tema novo é a ligação do sociointeracionismo ao enfoque
instrumental, como o faz os PCN-LE. Isso nos mostra que, possivelmente, o
documento consideraria o instrumental e o comunicativo como compartilhando de
uma mesma concepção psicológica da aprendizagem (o sociointeracionista),
possivelmente constituindo-se em uma mesma abordagem de ensino – o que
caracterizaria o “desvio” destacado por Borges (2003),
Mas essa possível “confusão” e/ou “desvio” nos PCN-LE
parece-nos não se limitar ao documento, estendendo-se também na apresentação de
trabalhos em congressos importantes da área, em que o ensino instrumental hora
aparece como abordagem, hora como inserido (possivelmente como método) na
abordagem comunicativa, vejamos:
(1)
12° InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Lingüística
Aplicada – 2002
-
Simpósio: “A abordagem
instrumental ao ensino de línguas”
(2)
14° InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Lingüística
Aplicada – 2004
-
Simpósio: “Novas
ambientações e novos caminhos de investigação na abordagem instrumental
(3)
VII CBLA –
Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada – 2004
-
Comunicação: “Inglês
instrumental para o ensino médio: contribuições de uma proposta comunicativa”
(4)
VII CBLA –
Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada – 2004
-
Painel: “A abordagem
instrumental e o ensino-aprendizagem de línguas em contextos diversos”
(5)
VII CBLA –
Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada – 2004
-
Sessão
Temática: “A abordagem instrumental ao ensino de línguas no contexto acadêmico e
dos negócios”
Todo esse quadro pode estar nos
mostrando uma tendência que possivelmente já existia implicitamente (e que foi
se tornando sutilmente explícita) no contexto brasileiro de ensino de língua,
desde o surgimento do chamado movimento
comunicativo de língua no Brasil: a da co-existência de duas abordagens
contemporâneas de ensino de língua: uma instrumental e outra comunicativa.
Entendemos que esta divisão foi se definindo com o passar dos anos (desde 1980
até os dias de hoje) por meio da produção de teses, artigos e livros na área da
Lingüística Aplicada, mas com a produção dos PCN-LE ficou claro que a divisão
entre as duas abordagens ainda não está claramente definida e que ainda existe
uma confusão sobre os pressupostos teóricos subjacentes a cada abordagem,
principalmente em relação à aprendizagem na construção do conhecimento.
Se pensarmos, agora, na colocação de Leffa (1988) de que
as abordagens variam na medida em que
variam os seus pressupostos teóricos acerca da língua e da aprendizagem, e
se considerarmos o ensino comunicativo
e o ensino instrumental como abordagens (como o faz este projeto),
então partimos do pressuposto de que o comunicativo e o instrumental possuem
pressupostos teóricos diferentes
acerca da língua e da aprendizagem. No que diz respeito à aprendizagem o
sociointeracionismo estaria para a abordagem
comunicativa, assim como o cognitivismo estaria para a abordagem instrumental (como já enfatizado por Williams & Burden,
1997 e Hutchinson & Waters, 1984) – diferenças que realmente constituiriam
os enfoques como abordagens distintas.
3. OBJETIVOS E PERGUNTAS DE PESQUISA
Esta
pesquisa pretende, primeiramente, visualizar as abordagens de ensino
(instrumental e comunicativa) subjacentes ao processo de aquisição de língua
(descritos em narrativas) por que passaram alguns alunos de Letras,
principalmente aqueles que se encontram no final do curso de graduação (muitos
deles já atuam como professores); e de professores de língua em serviço em
universidades e escolas públicas e particulares, por meio de narrativas de suas
lembranças – sendo que a menção a outras abordagens não será descartada e
também fará parte dos resultados (qualitativos e quantitativos) que serão
apresentadas com esta pesquisa.
Objetiva-se também diagnosticar a abordagem atualmente usada
por esses professores em suas salas de aulas, na tentativa de se “perceber” o
que foi experenciado (como aluno, no processo de aquisição de LE/L2) e o que se
propõe atualmente como experiência (aos alunos, nas salas de aulas).
Esta pesquisa buscará também traçar um panorama, no
contexto brasileiro de ensino de língua, sobre o atual conhecimento e
apropriação dos professores pré e em serviço sobre as abordagens contemporâneas
de ensino de língua (instrumental e comunicativa) para que se possa ampliar o
debate sobre a co-existência dessas duas abordagens (que como tal devem possuir
pressupostos distintos em relação à linguagem e à aprendizagem)
Para tanto, tentar-se-á responder às seguintes perguntas
de pesquisa:
(1) Se atualmente, no contexto brasileiro de ensino de
língua, há a nomeação (em artigos e congressos) de duas abordagens
contemporâneas de ensino de língua (comunicativa e instrumental) e uma possível
“confusão” sobre a co-existência das duas, como os professores de língua (pré e
em serviço) se apropriaram e/ou se apropriam deste fato em seus processos de
aquisição de LE/L2 e em suas ações em sala de aula?
(1.1)
O “fazer atual”
de um professor de língua se constitui em uma simples extensão de suas
experiências como aluno ou em um “novo fazer”, em conseqüência dessas
experiências e da aquisição de novos conhecimentos?
4. JUSTIFICATIVA
Com a apresentação da co-existência de duas
abordagens contemporâneas de ensino de língua (instrumental e comunicativa) em
artigos (Castaños, 1993 e Celani, 1997), nas discussões neste sentido em teses
(Cardoso, 2002) (veja tópico 5, a seguir), nas apresentações de títulos de
trabalhos em congressos da área (como apresentado no tópico 2, acima), surge a
necessidade, na nossa compreensão, da “percepção” (objetivo maior desta
pesquisa) da apropriação desse fato pelos professores de língua pré e em
serviço (no contexto brasileiro de ensino de língua) numa tentativa de se
“olhar” também para o “fazer atual” desses professores em suas salas de aulas,
ainda mais se pensarmos na elaboração dos PCN-LE (SEC/MEC, 1998) que, conforme
Borges (2003), enfatizam uma abordagem instrumental de ensino de LE (com foco
na leitura – que teria como referência um suporte teórico cognitivista), com um
suporte teórico sociointeracionista
“próprio” da abordagem comunicativa.
A produção do documento enfatizado – que tem o propósito
de servir de apoio aos professores de LE na reflexão da prática pedagógica e
planejamento de suas aulas – nos mostra uma possível “confusão”, na comunidade
científica e dentro da Lingüística Aplicada, sobre os verdadeiros suportes
teórico-metodológicos acerca da linguagem e da aprendizagem que fazem do
enfoque instrumental e comunicativo abordagens distintas, o que, mais uma vez,
justificaria uma pesquisa nos moldes apresentados neste projeto, tendo em vista
que essa “confusão” possa também estar afetando a formação de nossos
professores de língua e também as suas ações em sala de aula.
5. QUADRO TEÓRICO E FONTES
A questão maior que se discute neste projeto – ou seja, a “percepção” da
apropriação por professores de língua pré e em serviço (por meio de narrativas)
das abordagens se ensino (comunicativa e instrumental) em seus processos de
aquisição de LE/L2 e o “fazer atual” em sala de aula, na tentativa de se traçar
um panorama sobre a apropriação dos professores-narradores sobre o fato da
co-existência dessas duas abordagens no atual contexto brasileiro de ensino de
língua – surgiu das discussões expostas, de maneiras diversas e com
profundidades diferentes, em publicações nacionais e internacionais, bem como
daquelas que enfatizam a compreensão do texto geral dos PCN-LE, vejamos.
Em relação à produção internacional,
Williams & Burden (1997) destacam que o sociointeracionismo se constitui
com um suporte muito necessário para a abordagem
comunicativa de ensino de línguas, onde é mantido que aprendemos uma língua
usando a linguagem para interagir significativamente com outras pessoas.
Explicitam, ainda, que dentro de uma abordagem
cognitiva o aprendiz de língua é visto como um participante ativo no
processo de aprendizagem usando várias estratégias mentais para resolver o sistema
da língua a ser aprendida. Hutchinson & Waters (1984) enfatizam que o
enfoque dado às análises de necessidades no inglês
para fins específicos destaca o seu viés mais centralizado no aprendiz que
não corresponderia à visão sócio-interativa do ensino comunicativo.
Em relação à produção nacional, Castaños (1993) fala em
“ensino de língua com propósitos específicos” e “enfoque comunicativo”, e propõe
que a divisão entre dois enfoques possa ser “produto de uma confusão
passageira” ou que talvez mostre “uma necessidade de delimitar o enfoque
comunicativo”, uma vez que esse consistiria em uma “força” que amplia o
conceito de comunicação e aquele uma “força” que o limitaria.
Celani (1997) enfatiza uma
“abordagem de ensino para fins específicos” e uma “abordagem comunicativa”, mas
explica que é “difícil distinguir, nitidamente, os princípios e fundamentos de
ambas”, sendo que as duas abordagens possuem afinidades. Cardoso (2002)
explicita uma “abordagem comunicativa padrão” com cinco características (ou
“versões da abordagem comunicativa”), a saber: 1) ensino apropriado/Wilkins; 2)
foco na mensagem/Widdowson; 3) visão psicolingüística do processamento da linguagem/Halliday;
4) habilidades de se arriscar de que o aprendiz precisa e; 5) técnicas de
prática livre ou holística.
Em relação aos PCN-LE, Cristóvão (1999) enfatiza que o
uso dos PCN-LE pelos professores de línguas não garante a compreensão e a
aplicabilidade das idéias propostas por esse documento em sala de aula, uma vez
que não podemos esperar que as ações dos professores mudem com a simples
leitura do documento. Cox & Assis-Peterson (1999) apresentam os PCN-LE como
inserido no campo específico da pedagogia crítica de Paulo Freire e, após uma
pesquisa com a participação de quarenta professores de língua, residentes no
estado do Mato Grosso, chegaram à conclusão de que os professores pesquisados
desconheciam os encaminhamentos dessa pedagogia, questionando, dessa forma,
como o documento poderia servir aos professores. Mascarenhas (2003) evidencia o
desconhecimento da terminologia e a pouca compreensão do texto geral dos PCN-LE
por parte dos professores de língua da rede estadual de ensino em pesquisa realizada
no Distrito Federal. Borges (2003), em
uma leitura
aprofundada dos PCN-LE – visando à compreensão das várias posições
teórico-ideológicas inseridas no documento pelos seus autores e colaboradores –,
enfatiza um “desvio” entre a abordagem psicológica da aprendizagem
(sociointeracionismo) e a sua localização funcional na constituição da
abordagem de ensino de língua estrangeira (instrumental) privilegiada nos
PCN-LE, possivelmente comprometendo a coerência entre a teoria e a prática
prevista no documento.
Dentro do que foi exposto, este projeto pretende canalizar
seus esforços, estudos e reflexões em tópicos específicos da área de pesquisa
da Lingüística
Aplicada (Wilkins, 1976; Canale
& Swain, 1980; Breen & Candlin, 1980; Rubin, 1981; Frawley & Lantolf,
1985; Wertsch 1985 e 1993; Pal, 1989; Pinto, 1989; Widdowson, 1998; Clark,
1987; Waters, 1988; Carrell, 1989 e 1991; Grosse & Voght, 1991; Beretta
& Crookes, 1993; Brown, 1993; Brumfit & Johnson, 1994; Van Lier, 1996; Leffa,
1996; Blyth, 1997; Nyikos & Hashimoto, 1997; Spivey, 1997; Beaugrande,
1997; Tsui & Fullilove, 1998; Bialystok, 1998; Mcgroarty, 1998; Reagan,
1999; Byrnes, H, 2000; Littlemore, 2001; Atkinson, 2002; Wenden, 2002;
Kinginger, 2002; Barbara & Ramos, 2003) e da Psicologia da Educação (Rappaport
et. al., 1981; Pfromm Netto, 1987;
Vygotsky, 1987; Davis & Oliveira, 1994; Vasconcellos & Valsiner, 1995;
Alencar, 1995; Matui, 1995; Coll, 2001;
Palangana, 2001; Castorina et al., 2002; Pozo, 2002; Carrara, 2004), na
tentativa de se compreender melhor a legitimidade da co-existência das
abordagens comunicativa e instrumental, com diferentes pressupostos em relação
à linguagem e à aprendizagem. Para tanto, este projeto caminhará juntamente com
a pesquisa de doutoramento (e utilizará seu referencial teórico exposto acima)
atualmente desenvolvida, por nós, na Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo, na área “Linguagem e Educação”, sob a orientação do Prof. Dr.
Vojislav Aleksandar Jovanovic, cujo título é “Construtivismo, sociointeracionismo e o ensino de língua estrangeira:
um estudo da convergência funcional de concepções psicológicas da aprendizagem
e desenvolvimento na constituição das abordagens contemporâneas de ensino de
língua (instrumental e comunicativa)”.
Empenharemos-nos também no estudo das questões teóricas e
práticas sobre o uso das “narrativas de aprendizagem” como em Todorov (1979),
Oxford & Green (1996), Murphey (1998, 1999, 2001 e 2004, no prelo),
Pavlenko (2001) e Paiva (2002).
6. NATUREZA, PROCEDIMENTO E ETAPAS DE PESQUISA
Considerando que esta pesquisa objetiva diagnosticar e interpretar, por meio de estudos de narrativas de aprendizes e falantes de LE/L2, a apropriação pelos professores de língua (pré e em serviço) das abordagens de ensino comunicativa e instrumental (e outras) em seus processos de aquisição de língua e o “fazer” em sala aula, está pesquisa terá um viés interpretativista. De acordo com Moita Lopes (1994: 331), esse tipo de pesquisa, de natureza qualitativa, prevê o acesso indireto ao fato de pesquisa “através da interpretação dos vários significados que o constituem”. A pesquisa interpretativista visualiza que o particular contribui para uma generalização que se constrói intersubjetivamente.
Tendo em vista que este projeto pretende trabalhar
apenas com o estudo de narrativas, coletadas entre professores de língua pré e
em serviço, esta pesquisa seguirá também os encaminhamentos da “Pesquisa
Narrativa” como exposto em Clandinin & Connelley (2000) e Telles (2002).
Para a coleta das narrativas far-se-á contato com alunos
e professores do curso de Letras em universidades públicas e particulares e
professores de língua estrangeira da rede estadual de ensino e de escolas de
idiomas, inicialmente na cidade de São Carlos-SP, onde se prevê um maior de participantes,
e posteriormente em outras localidades de fácil contato, com um número menor de
participantes.
Cada narrativa será analisada individualmente e
interpretada qualitativamente com posterior agrupamento, com alguns dados
quantitativos, por escolas (pública ou particular), por professores (pré ou em
serviço, universitário ou do ensino básico), por menção (ou não) às abordagens
de ensino (instrumental, comunicativa e outras).
7. RESULTADOS ESPERADOS
O que se espera revelar com este estudo é a hipótese
de que há uma “confusão” ou uma não compreensão, na visão dos professores de
língua, no contexto brasileiro, sobre a co-existência de duas abordagens
contemporâneas de ensino, uma comunicativa e outra instrumental - “confusão”
que já se reflete na própria produção dos PCN-LE (SEC/MEC, 1998) (cf. Borges,
2003).
Espera-se diagnosticar, ainda, uma visão possivelmente
recorrente entre os professores de língua no Brasil de que o enfoque
instrumental é um método da abordagem comunicativa, e não uma abordagem (com
pressupostos similares as da abordagem comunicativa acerca da linguagem, mas
diferentes acerca da aprendizagem).
Espera-se também, com os dados coletados, ampliar as
discussões sobre a elaboração (ou re-elaboração) de propostas curriculares como
os PCN-LE – com um texto geral mais coerente em relação às questões afeitas ao
ensino/aprendizagem de LE –; sobre a formação dos futuros professores e as
ações dos atuais em sala de aula, tendo em vista a necessidade de uma
apropriação adequada e correta em relação às diferenças (pressuposto acerca da
aprendizagem) e similaridades (pressuposto acerca da linguagem) das abordagens
de ensino de língua instrumental e comunicativa que se constituem
contemporaneamente.
8. CRONOGRAMA PARA DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
ANO |
1º Semestre / Ações |
2º Semestre / Ações |
2005 |
Março – Junho: ·
contatos com professores e início das coletas de narrativas; ·
levantamento e revisão bibliográfica. |
Julho – Dezembro: ·
coletas das narrativas; organização e início da análise dos dados; ·
levantamento e revisão bibliográfica. |
2006 |
Janeiro – Junho: ·
novos contatos com professores; ·
coletas de narrativas, organização e análise parcial dos dados; ·
levantamento e revisão bibliográfica. ·
redação parcial de revisão da literatura e da análise dos dados coletados.; ·
apresentação dos resultados parciais em congresso da área. |
Julho – Dezembro: ·
coletas de narrativas, organização e análise parcial dos dados; ·
levantamento e revisão bibliográfica; ·
esforços para elaboração e submissão de artigo científico; ·
apresentação dos resultados parciais em congresso da área. |
2007 |
Janeiro – Junho: ·
coletas de narrativas, organização e análise parcial dos dados; ·
levantamento e revisão bibliográfica. ·
redação ampliada de revisão da literatura e da análise dos dados
coletados; ·
apresentação dos resultados parciais em congresso da área. |
Julho – Dezembro: ·
coletas de narrativas, organização e análise final dos dados; ·
revisão e redação de texto final; ·
esforços para elaboração e submissão de artigo científico; ·
apresentação dos resultados finais em congresso na área. |
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[1] o movimento
comunicativo inicia-se a partir da década de 70 e se expande no Brasil a
partir de 1978 e mais abertamente na década de 80, com a implementação do
Projeto de Inglês Instrumental nas universidades brasileiras (coordenado por
Celani na PUC-SP) e com as publicações de Almeida Filho (IEL/Unicamp). Esse
movimento foi uma reação à abordagem audiolingualista de ensino de língua, de
base estruturalista e behaviorista, que até então dominava o cenário no ensino
de língua (cf. Almeida Filho, 1998).
[2] em inglês teríamos os termos: “English for Specific Purposes” e “general English” ou “general language”
[3] a partir da
designação do enfoque instrumental como abordagem,
ele cria uma autonomia que já pode estar mais ou menos cristalizada, ou não,
entre os professores de línguas, em vez que já se passaram quase oito anos
desde a primeira menção do instrumental como abordagem e muitos professores já
se formaram dentro desse período e tantos outros estão se formando atualmente.
[4] na comunidade científica brasileira o ensino instrumental de línguas é muitas vezes referenciado como ELFE (Ensino de Língua para Fins Específicos), inglês instrumental e, mais recentemente, como abordagem de ensino para fins específicos ou abordagem instrumental (principalmente pelos docentes do LAEL/PUC-SP). Esses termos equivaleriam ao ESP (English for Specific Purposes).