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Narrativas coletadas por Maria Cristina Faria Dalacorte

2 ° Entrevista
Sexo: feminino

- Bom eu comecei a trabalhar nesta escola esse ano, sou recém concursada, é a primeira vez que eu trabalho em escola regular, né, a primeira vez que eu trabalho com língua inglesa em escola regular, conseqüentemente em escola pública. As outras vezes que eu dei aula de inglês foi em uma escola de idiomas, já dei aula também na Ueg, na Unidade de Campos Belos, atualmente eu trabalho aqui nesta escola,XXX, com o ciclo II, com quatro turmas de ciclo II e provavelmente vou também ficar na UEG na cidade de Iporá, pedi remoção de Campos Belos para Iporá. Eu me formei na UFG, sou da turma de 2004, em 2005 eu entrei no mestrado, fiz mestrado na área de literatura, de estudos literários. Terminei o mestrado e defendi no fim de setembro do ano passado né, fiz na UFG mesmo. Durante o ensino médio, comecei a dar aula de inglês, desde que eu comecei a trabalhar, foi o meu primeiro emprego como professora de inglês, eu tinha 17 anos dava aula para uma franquia, especializada para crianças, fiquei seis meses depois eu interrompi, porque eu decedi fazer uma disciplina extra na faculdade, ai depois eu comecei a trabalhar com outras coisas, fui corretora de redação, e ai eu fui voltar a dar aula de inglês eu ja tava cursando o curso de letras. Trabalhei seis meses em uma escola, curso de idiomas, a escola faliu e aí eu fiquei um tempo sem dar aula de inglês por causa do mestrado, só comecei a dar aula de novo quando eu entrei na UEG.

Então assim a minha experiência como professora de inglês, acaba que os meus métodos mudaram sim, porque eu dei aula em situações diferentes né, os meus alunos eram diferentes, ambientes diferentes, idades diferentes, né, eu acho que não tem como eu não mudar as minhas práticas pedagógicas, inclusive a minha maneira de ver o ensino, de passar o conhecimento da língua para os meus alunos.

Já dei aula para crianças, para adolescentes, quando eu fiz estágio e tive uma outra experiência dando aula de inglês quando eu fazia estágio no Colegio Aplicação, fiz um ano, e na minha época o estágio era um ano na sala de aula, a gente dava aula uma vez só por semana, no meu caso era segunda feira e fazia estágio eu mais três amigos e como tava voltada já para nossa monografia, então a gente poderia trabalhar em sala de aula, o que a gente quizesse né, o que a gente ja ia fazer na nossa monografia, então, eu trabalhei uma situação bem a parte porque eram pessoas fazendo coleta de dados para nossa monografia, eu trabalhei com tirinhas do Garfield para motivar os alunos em sala de aula. Então a cada aula a gente trabalhava algumas tirinhas e no final, na última aula eles já fizeram uma tirinha, com eles mesmos sendo personagens, eles tiravam fotos deles mesmos, recortavam e colocando eles mesmos juntos com o Garfield. Ai depois disso eu fiquei mas um tempo de novo sem dar aula de inglês e comecei na UEG, né.

Aqui no ciclo eu tenho 4 turmas como eu falei, os alunos de terceira, quarta e quinta série né, do periodo antigo, então os meus alunos são pré –adolescentes. Eu tenho duas salas que são muito cheias, essas salas são um pouquinho mais dificeis de trabalhar, porque tem aluno demais, a sala é pequena para a quantidade de alunos que eu tenho inclusive. Agora eu tenho outras duas turmas por ter pouco aluno em sala é mais fácil de trabalhar.

Eu sigo um determinado roteiro sim para dar aula, eu sempre pergunto que dia que é, coloco a data no quadro, a data com número ordinal e toda aula eu chego com a data, para eles irem memorizando. Para eles colocarem a data fazer um cabeçalho. para eles darem conta de trabalhar com isso. Enfim, eu gosto de trabalhar jogo com eles dependendo do assunto, ainda mais que eles são pré-adolescentes, eles são meio crianças ainda e não tem o hábito de passar tarefa de casa, como eles não fazem eu não mando tarefa de casa para eles. Eu gosto de fazer atividades de repetição em sala de aula com o conteúdo que eu tenho, eu passei os números. Eu recusei o livro que eles mandaram para a escola, porque o livro trabalha muito a linguagem em português, eu acho um absurdo, como é que você vai ensinar uma língua estrangeira usando uma língua materna. Então eu falo inglês como meus alunos e exigo que eles falem inglês comigo e isso funciona com muitos alunos. Muitas vezes a sala fala em inglês comigo, muitas vezes acabam esquecendo. Chegam “teacher” como que é que eu peço para ir no banheiro? Eu falo “Can I go to the toalet?” Ai eu deixo eles irem ao banheiro. Deixo eles irem se eles pedirem em inglês também. Bom, como estava falando a respeito do livro. Eu descartei o livro da escola porque eu achei totalmente inadequado. Além do livro ser escrito em português, as atividades do livro não serviu nem para a adaptação, é um livro muito mal estruturado, não tava adequado ao nível dos alunos, um livro totalmente mal feito, acho que é um livro que não da pra trabalhar nem com criança. nem com adolescente, nem com adultos, com os alunos do EJA. Então eu descartei o livro mesmo, como os alunos não tem livro eu acabo rodando o material ou passando no quadro. Então quando eu trabalhei os números, eu coloquei os números no quadro e aí eu falava e eles repetiam, eu usei o método de repetição. Depois só eles liam os números, depois eu fiz uma atividade com eles, eu levei uma bola para sala, um dia eu levei pra sala e outro dia eu levei eles pro pátio, a gente ia jogando a bola um para o outro, e medida que quem recebia a bola ia falando os números na sequência, quem recebia a bola primeiro falava “one”, quem recebia depois falava “two” e jogava pro outro falava “tree” e assim por diante, né.

A medida que eu posso eu sempre faço, joguinhos com eles, eu gosto de trabalhar a prática oral, porque eu acredito que não interessa onde você vai dar aula, o aluno tem o direito de aprender as quatro habilidades linguísticas, eu acho isso importante, por mais que o PCN seja lá especial, o importante aprender a ler, escrever, com excessão de lugares que tem essa necessidade, ainda mais em situações onde o aluno vivi na fronteira, ele não vai usar uma outra língua, não vai usar a língua estrangeira em situações do cotidiano, eu acho que se é porque ele não vai usar no cotidiano, de outra forma assim, então não adiantava nem ter inglês na escola, na realidade a gente usa o inglês no cotidiano sim, a língua portuguesa tá cheia de estrangeirismo, cheia de palavras estrangeiras, então é importante , e não interessa que o aluno tem aprender a ler, a escrever, a ouvir, a entender quando ele tá ouvindo, e aprender a falar também.

Principalmente com os alunos mais novos isso é um pouco dificel, tem que ensinar pra eles os “questions rooms”. “How can I saw this in english?”, “What those mean?”. Essa questão é um pouco mais complicada porque eles são muito novinhos, e nem sempre eles conseguem fazer direito, quando eles fazem, eles repetem errado, então eu exigo muito isso deles. Mas pelo menos “Can I drink water?”, “Can I go to the toalet?”, isso eu cobrei e uma outra coisa que eu sigo de rotina na turminha dos mais novos, que eu separo. A turma mais nova que eu tenho das outras, eu tenho uma turma mais nova que começou a ver inglês esse ano, enquanto as outras três turmas que eu tenho começou a ver inglês o ano passado, a língua inglesa foi adotada na escola desde o ano passado e até então, era só espanhol, e quando eu cheguei aqui na escola eu peguei o programa da professora anterior, e vi que ela trabalhava com eles em inglês, até pelo plano que ela tinha escreveu era todo em inglês, eu acho isso ótimo, e que me deixou até inclusive satisfeita em relação ao ensino de lingua inglesa da rede municipal.

Eu não conheço exatamente como que funciona dentro rede municipal, mas eu percebo pelos meus colegas de trabalho que eu tenho, principalmente os que se formaram comigo, que no Estado as coisas são bem diferentes da prefeitura, e acho assim, que na prefeitura, a gente tem mais maleabilidade pra trabalhar, possiblidade de trabalhar com liberdade, de cobrar dos alunos o que a gente precisa, e eu percebo que de alguma forma assim tem um, eu não sei se eu posso dizer que mais professores qualificados na rede municipal, do que no Estado, mas talvez porque tem mais chance de trabalho, de desenvolver um trabalho melhor no município do que no estado, eu vejo que assim que tem alunos que conseguem, tanto os meus alunos que tiveram inglês no ano passado, mas também outros alunos que existem na rede conseguem aprender inglês, dentro das quatro habilidades lingüísticas, então, porque eu não vou insistir nisso.

A dificuldade que eu tenho, a maior dificuldade que eu tenho de dar aula aqui na rede é porque a sala é muito cheia, principalmente porque eu tenho duas turmas que é lotada assim, tem uma turma que não cabe nem os alunos direito dentro da sala, a sala mais dificel de trabalhar é essa e os alunos levantando e sentando ao mesmo tempo, e isso disrespeita muito, eu tenho que aprender isso também.

E enfim, com os mais novinhos que era o que eu ia dizendo, eu gosto de trabalhar sempre com musiquinha, porque eles são ainda muito pequenos, eles gostam de música, toda vez eles perguntam se vai ter uma música nova, e eu acabo usando uma sequência na sala de aula, então eu chego com eles e falo “Hi” e eles respondem “Hello”, sempre falei pra eles, vocês vão responder “Hello”, e as vezes eles me encontram no corredor na hora do recreio, intervalo, porque eles vêm me perguntando “Hi teacher” eu falo “Hello”, né. E por mais que tenha estruturas que eles não deim conta de falar como “How Can I saw this in english?”, pelo menos “’Hi”, “Hello”, “How are you?”, eles conseguem perguntar e responder, inclusive eles gostam de brincar com “So, So”, eles normalmente respondem “So, So”, porque acham bom de falar “So, So”, não é nem porque seja “So, So”. Ai eu chego na sala e pergunto “Hi people”, eles respondem “Hello” e ai eles começam a cantar a musiquinha que eu ensinei para eles, então eu não preciso nem cantar a música, eles já começam a cantar “Hello, hello my friend, hello...” e ai eu ensinei outras musicas pra eles né, a turma de D1 que eu tenho sabe contar até “Twenty”, então eu trabalhei os números com eles, da mesma forma que eu fiz a atividade com os outros , que ensinei até “nine-hundred, nine two nine”, pra fazer a dinâmica que eu falei a gente faz até twenty, e ensinei a música dos indiozinhos, pra eles aprenderem a contar também, então assim na primeira aula, quando eu ensino uma música até que eles não pegam direito não, ai eu vou na outra aula cantando, cantando até que com umas três aula eles já conseguem cantar direito, né, e já começam a cantar sozinhos também.

O meu programa de curso dentro da rede a gente tem o PPP pra seguir, e tem o clube temático, o que a gente escolheu este ano a brasilidade, e o PPP fica dentro desse tema, então assim nas minhas aulas eu tento trabalhar co a cultura brasileira ao mesmo tempo que eu trabalho a cultura inglesa, como a gente fala as horas por exemplo, inglês a gente não fala 13 horas, 14 horas, 15 horas que nem a gente fala no brasil, e que o relógio também não é dessa forma, né. E tive que explicar a questão do “A.M” e do “PM”, a diferença é conteúdo que eu tenho dado aqui.

Pra três turmas. A enfim, meu material didático, as escola tem alguns recursos né, tipo a miniografica “Ha, ha,ha,” pra tirar xérox e um pouco complicado, até que existe a possibilidade de tirar xérox aqui na escola, então que fazer primeiro a matriz levar pra xerocar, uma semana depois que ela chega xerocado, quando o material chega eu não quero mais, então as vezes fazendo a mimiografia, mesmo que seja braçal, um por um, e hoje eu ainda fiz a matriz errada. Eu não me dou com a mimiografia também, né.

Uso bola, na escola tem bola, hoje eu usei um reloginho que a escola tem pra brincar, e na hora que eu cheguei eu ainda não tinha visto ele, e usei o da sala dos professores, até eu pensar no reloginho que eu levei pra sala. Mas eu uso muito giz e quadro, porque eles não tem livro, e como a escola não tem xerox, me limito, uma hora ou outra eles vão ter que copiar. Eu procuro não colocar muita coisa no quadro em uma mesma aula, porque eu gosto de colocar no quadro e tão logo, eu explicar, então eu não gosto de ficar enchendo de matéria, o aluno levar pra casa e não estudar, até porque, as vezes eu mudo os exemplos de uma sala pra outra. Quando eu chegar no dia seguinte nem eu vou saber mais né.

Enfim, a interação em sala de aula, a maior parte das vezes a interação fica “Teacher-student”, fica entre eu e os alunos, são muitos alunos em sala, não dá pra colocar eles pra interagir, entre eles, sem que eles façam bagunça, se fosse uma sala de adultos até que dava pra funcionar, quando eu faço este tipo de coisa na Universidade funciona, mais aqui com eles, ainda mais a turma menorzinha, já custa ter “teacher-student” e uma interação “student-student”, eu acho que não é o momento. Eu acho que é importante, que deveria ter, mais eu ainda não consigo trabalhar isso com eles. Quando é uma atividade por exemplo,da bola é um pouco mais “student-student”, ainda sim surge o fato deles começarem a fazer bagunça. Então eu sempre faço parte da roda e vou acompanhando e vendo se eles estão falando certo e vou retomando.

Bom acho que da parte um eu passei por tudo. E acho que da parte dois também. Eu contei das práticas pedagógicas, ao longo da minha carreira e se elas tem mudado, ou continuam as mesmas, acaba mudando como eu te falei , eu não tenho um processo continuo em um lugar por muito tempo, eu costumo dizer que a minha vida muda a cada semestre, e consegui ficar um ano na UEG, na unidade Campos Belos e agora eu to indo, pedi remoção pra primeiro pra Anapolis, não deu certo, agora vou pra Iporá. Porque pra trabalhar em Campos Belos eu tenho que morar lá, e como eu passei no concurso aqui em Goiânia, eu tenho a possiblidade de voltar e respeitar um horário físico do lugar. Mas eu acho isso um pouco ruim porque eu acabo não vendo o resultado do meu trabalho, porque o ideal seria aqui, no caso da faculdade, eu vesse essa turma formando, eu dava aula pro terceiro ano, na Unidade de Campos Belo, seria bom que desse aula pro quarto ano, também ia perceber no quarto ano, mesmo que não desse aula pra eles mas que eu desse conta de acompanhar, né, eu não alcanço, eu acabo ficando seis meses em lugar, a minha vida muda acontecem outras coisas, eu faço um mestrado e acabo indo trabalhar em outro lugar, eu não acho que é o que vai acontecer aqui nesta escola, não. Por mais que a partir do ano que vem eu possa pedir pra trocar de escola, dentro da rede municipal eu gosto de trabalhar aqui, e tô vendo necessidade de trocar de escola o ano que vem, o ano ta ainda no começo, eu não sei o que vai ser de mim o ano que vem. Mas eu tenho planos de entrar no doutorado e se dirrepente eu entrar no doutorado, pode ser que eu acabe mudando de escola pra frente, mas eu acho que é isso, tem mais algumas coisa pra perguntar.