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Narrativas de aprendizes de espanhol


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Nome: Gesirleia Aparecida S. Rodrigues

Idade: 45

Tempo de estudo da língua: 10 anos

Narrativa coletada por Ana Paula Alves de Oliveira em abril de 2006

-Na verdade eu não tenho uma base teórica pra dizer assim: “que eu escolhi o espanhol por causa de...” Eu quando vim fazer Letras, eu deixei o curso de direito pra vim fazer Letras. Eu queria estudar português, eu queria aprofundar mais. Aí quando eu vi o espanhol, me encantei (...), e comecei a estudar literatura espanhola, os livros... lia Borges, lia literatura espanhola mesmo, aí eu comecei a ler, encantei e fui pro curso de espanhol... Fazia inglês junto, mas sempre com uma tendência a ficar com o espanhol. E segui com o espanhol. Eu acho assim... que é muito enriquecedor pelo lado da literatura e que é a parte que me frustra no ensino da língua. Que a gente não tem como trabalhar literatura com o menino em sala. Eu acho que aprende-se muito mais.

Todas as vezes que eu tentei estratégias de ensinar através da literatura eu me sai muito melhor, o aprendizado dos meus alunos foram muito melhores do que o aprendizado simplesmente de gramática pura, de uma leitura curta(...) Mas a estrutura educacional do Brasil não permite. Você tem um livro, você tem que cumprir o livro, o pai cobra o livro, a escola cobra o livro, a estrutura, o coordenador, etc. e tal, então você fica preso nessa estrutura.

-Então uma das suas motivações foi a literatura?

-A literatura, basicamente a literatura. E posso afirmar com certeza que todos os testes que eu fiz, que todas as experiências que eu fiz, eu já tenho dez anos de espanhol dentro de sala de aula, e nesses dez anos, todas as vezes que eu empreguei a literatura pra ensinar, por exemplo os contos tradicionais: chapeuzinho vermelho, branca de neve... e que eu usei essa estratégia de ensino, com meninos do ensino médio, não estou nem falando do ensino fundamental... estou falando de ensino médio! o aprendizado rendeu muito mais, porque os meninos se interessaram, produziram, leram, pesquisaram, entenderam. Por exemplo, a origem de vários falsos cognatos, alunos chegaram pra mim me contando a origem... eu nem sabia! Nem sabia a origem... ele se interessou pela história, viu como ele ia recontar a história por exemplo, e ele se interessou em aprofundar. Ele gravou, aprendeu e ainda trouxe pra mim um conhecimento que eu não sabia. Então eu acho que rendeu muito mais, foi muito mais prazeroso (...) e o aprendizado foi rico (...) eu tenho certeza, que hoje eu encontro com esse menino e (...) ele consegue elaborar frases pra falar comigo, completas, gramaticalmente corretíssimas e que ele foi manejando através da literatura, aprendendo com leitura. Eu ainda acho que é por aí.

-E o que você continua fazendo pra aprender espanhol?

-Para o meu aprendizado eu busco sempre coisas novas. Leio muito, eu uso hoje uma ferramenta que (...) eu diria que ela é rica entre aspas: a internet, (...) porque também perde-se em qualidade da escrita muito... muito vocabulário já curto, eu acho que não rende, você na verdade não está somente aprendendo... é complicado, eu coloco entre aspas. E no mais, cursos de aprendizagem com nativos, danças, lugares onde fazem, eu freqüento muito o Soleá, por exemplo, toda coisa nova que tem lá eu procuro saber, as pessoas que vêm de fora, de Cuba, lá tem um intercâmbio muito grande com Cuba e como eu morei em Cuba seis meses eu estou sempre lá procurando saber dos cubanos, conversando com eles, acho que aí é que eu aprendo mesmo. E também na busca de trazer alguma coisa nova pro aluno. Isso me faz pesquisar, me faz ir atrás, me faz buscar, por exemplo... a língua não é uma coisa estática então eu tenho que buscar novas gírias, como é que o jovem está se comunicando, o que hoje é novo pra eles (...). então eu tenho que estar interada disso. Isso me faz aprender, isso é rico.